segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carta n°35

Em 15/08/07
Lúcia Welt escreveu:

Meu amado Bento

Perdoa-me por te dar tanta preocupação... Mas que posso fazer se os acontecimentos se precipitam, e não são de feição a dar-me paz? Quisera só levar-te visões do meu corpo desfrutável, sim, mas possuído por entes amados que me dão amor e prazer, como tu mesmo...
Mas esta manhã ocorreu algo horrível lá na delegacia. Vou contar-te, esperando que me perdoes, e prometendo que não mais voltarei a contar coisas ruins para não perturbar o teu extável e merecido sonho de poeta do teu vale encantado.
Cheguei com o Galdério dirigindo, na delegacia, e ele ficou esperando no carro como sempre. Ao entrar já senti um clima estranho e o olhar agudo, penetrante, do Benotti, que parecia desnudar-me. Eu estava discretamente vestida e com calcinha por baixo, juro! Mas ele, a pretexto de me levar aonde estavam os papéis que eu deveria assinar, conduziu-me a uma sala reservada nos fundos da delegacia. Eu estava com medo, mas sem uma consciência do que estava acontecendo. Ali ele me mostrou os papéis que eram um relato detalhado da reconstituição do crime, para eu assinar como testemunha. Enquanto eu lia, de pé ( não havia cadeira no local) ele por trás me prensou contra a mesa, me dobrou sobre ela, e levantando rapidamente minha saia, abaixou violentamente a minha calcinha, e introduziu seu pênis imenso em minha vagina até o fundo! Era tão grande que senti bater no colo do meu útero com uma dor lancinante. Eu dei um grito mas foi abafado pela sua manopla na minha boca, e dominada, sem poder me mexer por seu enorme peso e pressão ele ficou bombando, entrando e saindo até ejacular abundantemente num jorro espúrio que senti escorrer-me pela vulva e pelas pernas. Ele saiu mas imobilizando-me ainda com as duas mãos e ai! que vergonha... abrindo as minhas nádegas para observar a sua obra. Então fechou-as como um portal e deu-me ainda uma dolorosa e debochada palmada na nádega direita. Bento, eu soluçava, chorava, de dor, de revolta e vergonha, e fui saindo de cabeça baixa, sem nada dizer, em lágrimas, querendo sumir, me enterrar, e saí da delegacia, quase caindo, tropeçando nos degraus, e sendo amparada pelo Galdério de olhos arregalados, na calçada, e sendo quase carregada até o carro. Partimos, o Galdério calado me olhando pelo espelho sem saber o que me perguntar, atribuindo, na certa, as minhas lágrimas à comoção de ler o testemunho e reviver as dores da Alma, que agora era minhas, como se já não as fossem antes.
Bento, tomei um novo banho longo, para me livrar daquela escória, que não para de sair de dentro de mim. Vou ficar o dia todo na minha cama,e só levantar quando tiver coragem de novamente encarar o mundo e as pessoas. A Matilde parece perceber tudo por intuição e olfato, e a Doutora Jensen quiz olhar a minha xaninha, mas eu não deixei, disfarcei. Ela parece tambem desconfiar. Afinal ela é psiquiatra, e psicóloga, percebe tudo só de olhar nos olhos e na postura corporal das pessoas.
Vou ficar quieta e pensando para ver se descubro onde foi que eu errei... ai! Bento , preciso chorar. Quando me recuperar eu volto a te escrever
Me perdoa, meu Bento, meu santinho, meu amor lindo e delicado
Tua desastrada Lu

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