segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carta n°19


Meu poeta Bento

Tu sumiste, não respondes. Devo então deduzir que não mais queres continuar a te corresponderes comigo. Faz mais de quatro dias que não me escreves. Sofro com isso, pois tinha, no mínimo, me acostumado... Eu ia te contar o que aconteceu aqui nestes dias,o desenrolar do caso de minha irmã , que teve mais um doloroso lance. Mas creio que te desinteressaste. Não te culpo.Só me resta recolher-me à minha solidão nestes pampas, que, agora , sem a Alma, também me sabem a exílio e purgação.

Esperando que sejas sempre feliz, no seio do teu vale querido... me despeço

tua

Lucita




CLÁUDIO BENTO

Nasci em um lugar chamado Jequitinhonha no dia oito de outubro de 1959. Boa parte da minha vida está nos meus poemas. A poesia, esta espécie de salvação, não fosse ela eu nada seria, absolutamente nada.
A idade não atormenta-me, vivo e a cada dia aprendo mais uma lição de vida, o homem não sente o passar dos anos na alma, o espírito nunca envelhece, está sempre aceso, hirto, uma espada em combate eterno.
Nasci numa primavera, mas outubro em Jequitinhonha é um real verão, com ocasos escarlates, o sol mais parecendo uma lâmina, uma faca de corte, um fino punhal de prata.
Não gosto de falar de mim mesmo. Não sou modesto, muito pelo contrário, sou orgulhoso do que faço, do que escrevo, mesmo que essa escrita não tenha nenhum valor. Não sou tímido, sou calado, o que é diferente, prefiro ouvir do que falar. Envolvido na minha introspecção sem limite é que das artes prefiro o cinema e a poesia.
Vivo bem comigo mesmo. A solidão não incomoda-me. Existem muitas coisas bacanas que o homem pode fazer só, ver filmes, escrever ou simplesmente pensar. O pensamento é algo que ninguém pode tirar do ser humano.

Cláudio Bento
Poeta

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