segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carta n°8


Querido Bento

Entrei no site "onhas", passeei nele todo e amei a tua região.
Deu-me vontade de visitá-la, um dia. Alma adoraria conhecer essa lindo e singelo mundo, de pessoas simples que ela amava e sabia
apreciar o valor e a riqueza interior. Deixei um comentário lá,
no Livro de Visitas, mencionando a ti, grande poeta do vale, que
o divulga no LL. Procure lá. Tu estás mencionado também por outros
visitantes ali, tu sabes?
Quanto à suspeita do delegado Benotti, realmente cresce também
dentro de mim. Estou em São Paulo, hospedada no ateliê do Guilherme de Faria tratando das edições da Alma (já recebeste o Livro?) mas recebi um e. mail do delegado que quer mais detalhes sobre a vida da minha irmã, se possivel detalhes mais íntimos, seus relacionamentos, etc, pois está conduzindo por conta própria uma investigação de assassinato da Alma.
Ele diz que nós nos precipitamos em cremar seu corpo, o que destruiu evidências preciosas. Ela é um homem cru e direto, e diz que acredita que Alma pode ter sido estuprada e depois afogada. Ai! Bento não posso pensar nisso!começo a ter pesadelos. Esta noite foi um inferno.
Sonhei com essas cenas horriveis! Como pôde minha irmãzinha sofrer uma barbaridade dessas? Agora passo a preferir o "simples" suicídio, tal o horror da alternativa. Sabe, Bento, eu comecei a reler o romance da Alma, A Herança, e notei que no capítulo "O julgamento da Alma", verdadeiro, que eu publiquei no LL, já estava ali o motivo de eu ter "pinçado" esse texto: ali aparece o depoimento, em juízo, do sêo Alípio Galdiano, que foi nosso peão boiadeiro, muitos anos, e que parece odiar a Alma por causa de seu filho Martim, que foi apaixonado pela Alma( sem nunca declarar-se, coitado) e que afastou-se da estância e de sua família por causa dessa paixão sem esperança, e depois suicidar-se, passados alguns anos. Cheguei a suspeitar dele. Mas ele está tão velho, que seria impossível. A menos que... fosse o mandante. Mas são pessoas sem posses, o que poderia ele oferecer a um assassino? Mas quem seria, então, o monstro que teria feito isso, se for verdade? Ah! Imaginar o sofrimento da Alma no seus momentos finais! Ai! Mas, por que não havia no corpo outros sinais de luta, a não ser a marca avermelhada da corda no seu lindo e branco pescoço? Bem... a verdade que havia uns ligeiros esfolados na parte imterna dos braços, que atribuimos ao peso e aspereza da grande pedra que ela pode ter carregado como uma salva, e que a arrastaria para o fundo do poço, e que a teria esfolado quando ela soltou ao deixar-se cair... Ai, Bento, quanto me tenho torturado com essas imagens, que voltam agora
com mais força! Quando retornar à estância vou colaborar com o delegado e também dedicar-me a essa investigação. Pode ter um assassino à solta por lá.
Bem, caro poeta, se quizeres enviar-me qualquer coisa podes
fazê-lo para o endereço do Guilherme de Faria, aos meus cuidados, onde estou hospedada por mais duas semanas:

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