segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carta n°27



Oi Bento
Estou de volta, um tanto perturbada e confusa. Tu não
imaginas o que foi a visita do delegado Benotti.Ele chegou para o almoço, cheio de mistérios deixando para falar após terminar a refeição, o café, o licor e até os charutos do Vati que lhe ofereci na biblioteca. Depois de muitos rodeios, em vez de contar suas conclusões acerca da investigação, declarou-se(pasme) apaixonado por mim, e simplesmente pediu-me em casamento! Fiquei e ainda estou em estado de choque. Eu balbuciei desculpas, fiquei toda atrapalhada e nem sei se ele entendeu que achei absurdo, que isso está fora de cogitação para mim, pois ele continuou divagando, dizendo que quer proteger-me, que sou uma mulher frágil, diante de forças que ele consegue ver ao meu redor, que eu preciso da proteção de um homem "leal e forte" como ele. Que meus filhos e a estância precisam de um pulso forte, de homem. Veja só! Acabei me sentindo fraca mesma e ameaçada por forças invisíveis, a começar por ele, com seu assédio imprevisto. Sentindo isso ele chegou a me acuar contra uma parede real, na verdade uma estante de livros
e agarrando-me a cabeça beijou-me na boca. Fiquei indignada, dei-lhe um tapa no rosto, que de tão fraco ficou ridículo e não suficientemente desencorajador. Ai! Bento, que vergonha! Fiz um gesto de expulsão apontando a porta, mas ele ao sair, como um trunfo ou uma carta na manga, insinuou que tem fortes indícios do assassinato da Alma e que eu corria perigo, e por isso ele precisava me proteger e que ele me procuraria novamente com as provas do que dizia. Temo estar diante de um oportunista, de um picareta mesmo. Eu não deveria ser tão afetada, mas a verdade é que quando ele partiu eu desabei e chorei, chorei, como nunca desde a morte da Alma. Meus filhos perceberam algo, e me disseram para não permitir mais a entrada daquele homem aqui. E pensar que esse homem era obsecado pela Alma! Chegou a dizer-me que ele via a Alma em mim! Ah! Bento, como tudo isso é perturbador... Não é a primeira vez que me dizem isso. Talvez por amar tanto a minha irmã, estou ficando parecida com ela? Não é possível... triste arremedo eu me sairía.
Preciso falar com ela, Bento. Esta noite, se ela aparecer,vou segui-la aonde ela for, tomarei coragem, ela não pode me fazer mal, ela é um anjo, devo confiar nela.
Matilde diz somente que eu devo rezar muito e afastar as tentações. Amanhã ela irá a Rosário do Sul se confessar com o padre que ela confia e pedir-lhe conselho. Quer que eu vá com ela. Ela quer na verdade que o padre venha benzer a casa, que ela também considera em perigo...
Bento querido, só tenho a ti como amigo e confidente, e percebo que de certo modo me já me amas, como amigo, não é mesmo?
E desabafar contigo me faz bem, me alivia...
Meus filhos me chamam, dizem que a Patrícia trancou-se no sótão chorando e tenho que ir ver o que está acontecendo.
Mais adiante nos falamos
Beijo







Carta n°27


Sim, Bento amor meu

Só quando eu der um pulo em Rosário poderei entrar nesse site numa lan-house para ver o vídeo, pois pois o computador aqui de casa está uma desgraça e não abre direito imagens nem vídeos. É um dinossauro.Mas está na minha agenda. Quando conseguir vê-lo comento contigo.

Enviarei ainda hoje um novo e.mail comentando tua última cartinha, e econtando as novidades e deixando-te mais tesudinho um pouco (risos).

Beijos

da tua Lu

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